- Sim?
- É o senhor que mora aqui?
- Sou eu.
- Então, queria que, a partir de hoje, o senhor tivesse a mesma opinião que eu.
- Oi?
- Eu ouvi pela janela que o senhor pensa diferente, então se puder pensar igual a mim...
- Mas isso é um absurdo.
- Não é não. Eu vim morar aqui antes, você se mudou depois. A gente já tinha um jeito de pensar aqui, no prédio.
- Mas isso é impedir o meu livre pensamento.
- Não, isso é garantir a minha liberdade de expressão.
- Mas e a minha liberdade?
- Não vem ao caso. Vou ficar de olho nas suas ideias.
- Bom, vou seguir o senhor até o seu apartamento.
- Pra quê?
- Ué, aparentemente assédio moral é o pensamento vigente, né? Vou lá na sua casa, importunar o senhor a mudar de pensamento.
- Que ridículo.
- Eu também acho e começou quando o senhor veio bater na minha casa.
- ...
- ...
- Bem... Talvez eu tenha exagerado.
- O senhor realmente acha isso?
- Claro que não, mas se eu não disse isso você vai ficar de mimimi.
- O senhor percebe o tamanho da sua hipocrisia.
- Meu amigo, se eu percebesse alguma coisa, você acha que eu moraria aqui?