Pensamentos filosóficos sobre "O mar não está pra peixe"

Em certa feita estava de varde numa casa do litoral catarinense, com a menta a vagar, quando voltaram da pescaria alguns parentes. Alguém perguntou a eles "e aí, pegaram muitos hoje?", ao que os parentes responderam, de forma aborrecida: - Não, nada! Hoje o mar não está pra peixe.

Expressões idiomáticas nos enganam, com frequência. Usamos elas para sintetizar tudo o que gostaríamos de falar, em poucas palavras, e esquecemos que as expressões contém seu sentido simbólico e literal.

"O mar não está pra peixe" é uma expressão usada no Brasil para quando a situação está muito complicada, difícil. Algo que poderia ser fácil e usual está dando errado. Nos anos oitenta, antes dos aplicativos de delivery sexual, usávamos para falar sobre noites em que não conseguíamos nos relacionar com ninguém. Afinal, se no próprio mar os peixes estão se dando mal, então está impossível para tudo.

Porém, esta expressão idiomática se perde, completamente, na situação parental do primeiro parágrafo. Afinal, quando eles não pescaram nada, o mar nunca esteve tão pro peixe como agora. O mar estava tão pro peixe, mas tão pro peixe, que os humanos não conseguiram assassinar nenhum deles naquele dia. De toda a temporada de 2025, o mar nunca esteve tanto pro peixe como naquele dia.

Para estas situações precisamos testar novas expressões idiomáticas, tais como:

• O ar não tá pra humanos (que não poderemos usar em diversas situações, por conta da poluição, ou talvez fique ainda mais forte como expressão por conta disso)

• A savana não tá pra leoa (que muitos machistas não vão querer usar, porque imagina se auto-referir, mesmo que metaforicamente, a si mesmo como leoas - que é a fêmea que caça, caso você não saiba)

• O milharal não tá pro milho (só pra ter uma opção vegana)

Que, em 2025, a vida fique tranquila pra você e que o milharal sempre esteja pro milho.