top of page

Isolamento social dia 92

  • Foto do escritor: Andrei Moscheto
    Andrei Moscheto
  • 16 de jun. de 2020
  • 1 min de leitura

Querido diário: minha cidade está em ascensão de casos de Covid-19. O número de mortes dobrou, muitas pessoas contaminadas, o alerta é cor laranja e ontem, em perfeita sintonia com este momento, o prefeito liberou as atividades de academias.


Deu cãibra na sua lógica, querido diário? Na minha também.

Aparentemente o pessoal das academias foi reclamar, pressionar (e pressão da galera que faz legpress com 200 kg ou mais não é brincadeira) e a prefeitura disse ok.

Eu não quero o mal de academias, muito pelo contrário. Sou o coordenar de um espaço de saúde, sei pelo que estamos passando. Mas também sei que me recuso a abrir pela ameaça à vida das pessoas que frequentariam o espaço.

Curitiba, assim como outras capitais do país, é apinhada de academias. A lógica para deixar abrir deve ser porque cuidar da saúde com exercícios é bom contra o corona, fora que é boa política não quebrar negócios.

Mas eu nunca achei que as academias fossem símbolos de saúde. Por mais que eu reconheça o valor do exercício físico com peso extra, as academias com suas paredes de vidro pra rua sempre me pareceram pequenos/grandes templos a futilidade, a pessoas magras falando em suas rodas de conversa “olha como eu engordei” só pra ouvirem de quem tá perto um “não, imagina, tá ótima”.

Se essa impressão é certa ou se achar isso é uma grande futilidade intelectual da minha parte, não sei. Só não queria que alguém tivesse que explicar pra uma criança porque o tio Fulano morreu e a frase fosse:

– Ele não podia mais escapar de outro leg day.

ree

Publicado originalmente em Jornal Plural em 16 de junho de 2020

Comentários


moscheto.com.br

(mas isso você já sabia)

bottom of page