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  • Foto do escritorAndrei Moscheto

Carta ao amigo que se foi

Querido Pazello,

Você nunca viu essa foto porque, quando eu tirei, tive vergonha de te mostrar. Você tinha aceitado trabalhar com o Antropofocus sob todas - TODAS - as piores condições de trabalho: - Não tinha cachê certo - Era pra substituir um outro ator e tinha que seguir uma série de marcas e coisas que não eram originalmente suas - Tinha que improvisar do nosso jeito - Tinha que fazer vídeo - Tinha que ter disposição de horários porque a apresentação ia ser logo E, mesmo assim, você topou. E foi brilhante. Essa foto eu tirei num dia que cheguei pra ensaiar e você já estava lá. Tinha chego antes da gente, completamente dedicado, completamente apaixonado pelo seu ofício de tal maneira que me fez rever a nossa arte com novos olhos enamorados. Sinceramente eu não sei... Não sei se me apaixonei ali, não sei se foi antes, sendo seu colega professor em curso de teatro. Se foi vendo você nos palcos, fazendo coisas lindas. Se foi contracenando com você em filme e ganhando, juntos, prêmio de melhor elenco. Se foi nos papos antes e depois do trabalho. Se foi convivendo com a família. Se foi admirando tua força ao enfrentar uma doença tão desgraçada. Mas gamei no amigo. Vivi um "bromance" com o marido da Silvia - com consentimento, como tem que ser. Quando descobri que você gostava de Star Trek eu sabia que tinha algo perfeito pra te dar de presente. Enrolei mais de um ano e meio pra entregar! Sempre atiçando a curiosidade, sem nunca contar o que era, para ver se isso também motivava na força de vontade. Feliz que entreguei em mãos, ainda ano passado. Feliz que você pode ver mais uma Copa e que pode xingar jogador, juiz, técnico e o escambau. Feliz que deu tempo de ir, hoje de manhã, te dar um tchau pessoalmente. Eu sei, eu sei... Você é um grande de um #%$@#*&%$#@$% e não vai poder escrever nenhuma resposta para esta carta, tô ligado. É que essa carta é mais pra mim, mesmo. É uma auto-carta, em que conto algumas das coisas que fizeram o nosso "bromance" ser tão especial. Obrigado, mano Pazello, por ter nos esperado no degrau da porta. Queria ter chego mais cedo pra aproveitar mais a sua companhia.

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