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  • Foto do escritorAndrei Moscheto

Vai ser aquele massacre em campo

Bem amigos da Rede Bobo da internet brasileira. Estamos aqui com mais uma jogada típica do Gabinete do Ódio, driblando toda a nossa serenidade e alcançado a meta.

Lá vai o Gabinete do ódio, espalhador de cloroquina, que pega a notícia da Copa América e joga em todas as redes. Por causa do grande número de mortos e toda a irresponsabilidade do ato alguém acabou de ver, indignado e mandou pra frente. É prontamente rebatido por outro, que toca pro próximo que faz um lançamento a distância pra alguém com milhões de seguidores e… é TOP TREND de Twitter!

Do Twitter passa pro Instagram. Do Instagram pro Face, do Face pro vídeo no YouTube, já tem live no Twitch! Oito pessoas super descoladas e descontruídas de Iphone conversam no Clubhouse, e olha lá, olha lá, olha lá: tá no ZAP DA FAMÍLIA! Bateu em todo canto e virou notícia de veículo de informação!

– E você sabe que é sério porque, em vez de entrevistas, eles mostram postagem de rede sociais das pessoas.

Obrigado pela opinião, pessoa com celular. Agora a gente vê o outro lado, vendo o corre-corre do adversário e eles podem fazer duas jogadas: minimizar todo o alvoroço e realizar o evento de jogos, DO MESMO JEITO que eles estão fazendo o Campeonato Brasileiro – e nem tinha todos esses protestos (e deveria, né?) – ou simplesmente cancelar tudo e apontar pra toda a gritaria, e dizer pra própria base “olha lá como eles são histéricos, olha como nos perseguem, não tinha nada definido”. A torcida do Gado vai ao delírio!

Mas esquece isso e foca no gol! Na alegria! Na festa! Não olha pro lado, por ali só tem cadáveres, vem aqui comemorar esse gol comigo! É festa! É Brasil! É Brasil! É a década de setenta de volta, tanto dentro quanto fora dos gramados. Se reclamar eu troco o juiz e coloco um militar ali. Se reclamar mais, eu troco o jornalista por um militar. O gandula por um militar. O padre por um militar. Teremos todos os militares jogando em todas as posições, mesmo que eles não tenham a menor ideia de como fazer isso. O que importa é um revólver na cintura!

Lá vem o primeiro jogo, o jogo que interessa, o jogo da própria seleção amada, a mesma que virou vestimenta oficial do retrocesso nacional. Eles fazem um, fazem dois, fazem três gols numa seleção que tinha 13 pessoas contaminadas com o tal vírus. Mas é uma vitória! Não pense na possibilidade de mortos, não pense na possibilidade de contaminação dos nossos jogadores, não pense em cepas mortais entrando e saindo do país, pense na alegria do gol. Mesmo assim, teve um Ibope irrisório. Por que será?

Bom, a gente sabe que, pra começar, teve meio milhão de pessoas a menos assistindo jogos este ano.



 

Publicado originalmente em Jornal Plural em 16 de junho de 2021

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